terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Porque é que o 3D não Funciona

É um fenómeno incessantemente abordado, mas desta vez que dá a voz é alguém que sabe bem daquilo que fala: Walter Murch.

Editor de filmes como Apocalypse Now, e um dos responsáveis pelo som surround 5.1, Murch sabe do que fala quando se fala em 3D - ele editou o Captain EO, "expoente máximo" do 3D nos anos 80. E a sua conclusão sobre o 3D é:

So: dark, small, stroby, headache inducing, alienating. And expensive. The question is: how long will it take people to realize and get fed up?


O grande problema do 3D tal como existe hoje - e que basicamente é impossível de resolver com a tecnologia actual - prende-se com a forma como a ilusão 3D é criada nos cinemas e televisores.

É que, não importa se a imagem "3D" pareça estar a centímetros dos nossos olhos, ou a quilómetros de distância, a imagem efectiva em que os nossos olhos se focam está à mesma distância constante que nos separa do ecrã.

Algo que se pode ver simulado nas seguintes imagens:


Embora os objectos focados pareçam estar a distâncias diferentes, estão efectivamente à mesma distância (dos vossos olhos ao monitor) - e este mesmo efeito, quando aplicado ao cinema em 3D, faz com que o cérebro tenha que continuamente estar a "trabalhar a dobrar" para tentar com que tudo isto faça sentido.
(Daí que certas pessoas rapidamente comecem a sentir enjôos, ou dores-de-cabeça - mesmo se outras sejam mais tolerantes a isto.)

Por tudo isto, os filmes em 3D deverão continuar a ser uma excepção e não a regra! O cinema é 2D, e é assim que deverá continuar a ser. Filmes em 3D deverão ser feitos apenas e quando tal traz efectivamente algo de novo à história...

E por isso mesmo se torna mais ridículo ainda tentar "impingir" o 3D como forma corrente de visualizar conteúdos (nas TVs, em consolas de jogos, e brevemente até em smartphones!)... Deixem-se lá dessas manobras de marketing de usar o 3D como forma de vender algo que depois se acaba por não usar - ou dar literais dores de cabeça a quem o tentar usar.

6 comentários:

  1. Felizmente faço parte do grupo de pessoas que não fica nem com dores de cabeças, nem com enjoos, nem nada do género. Há filmes que gosto bastante de ver em 3D (ver Avatar em 2D, por exemplo, não foi tão empolgante, e por muito fantástico que aquele mundo era, foi a ilusão no cinema que me prendeu ao mesmo).

    Que continuem a sair (bons) filmes em "3D" que eu vou ver, caso goste do filme :)

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  2. Jackass 3D foi do caraças, nunca pensei, mas é grande experiência no cinema! :D eheheh

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  3. @Nuno

    Nem preciso relembrar que até eu aprovei o Avatar em 3D, pois não? A nossa famosa anti-estreia que encheu o Nun'Álvares em horário impróprio. :)

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  4. Exactamente o que eu penso, mas ainda há gente que anda dar mais dinheiro para comprar televisões 3D, para depois ter de andar com uns óculos pesados em cima, sem conteúdos para ver ou simular um mau 3D por software.

    Já quanto ao Avatar, é um filme que para mim como ponto positivo teve o 3D, ver o filme sem ser no cinema e em 2D é um banalíssimo filme sem ideias novas (mas isto já foi por demais debatido).

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  5. O 3D não funciona porque há uma dimensão a mais... é tão simples quanto isso. Depois existem essas características perturbadoras adicionais. É a mm coisa se a TV tivesse cheiro... quem é que gostaria de sentir o cheiro da guerra? De m*rda? É info a mais...

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  6. O problema é que não há uma dimensão a mais. O nosso cérebro é levado a pensar que há, mas o que vemos não reage como na realidade, em que se olharmos para uma zona mais afastada os nossos olhos vão focar ali.
    No 3D o que está focado é o que eles focaram no filme, para criar o efeito de profundidade falsa e o nosso cérebro, pensando que aquilo é 3d tenta reagir como quando olha para o mundo e começa a queimar ciclos a tentar fazer sentido daquilo.

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