sexta-feira, 12 de março de 2010

O Meu Primeiro Filme - Antestreia

Inspirado pela nostalgia com que relembrei algumas das memórias mais marcantes que tenho das primeiras idas ao cinema (como contei aqui,) achei que seria interessante desafiar algumas pessoas a que fizessem o mesmo e recordassem o início da sua paixão pelo cinema nesta rubrica O Meu Primeiro Filme.


Pelo que... preparem-se para conhecer um pouco das origens das paixões cinematográficas de vários elementos que mantêm blogs sobre cinema ou que de qualquer outra forma nutrem um especial carinho por esta arte.

Hoje, vamos ficar a conhecer "O Meu Primeiro Filme" do Nuno Reis do blog Antestreia.


Não posso dizer que tenha crescido longe do cinema. Uma das minhas recordações mais antigas é andar de ferry em Tróia, a caminho do festival. Ainda não tinha 4 anos, não vi nenhum filme, mas estive lá com os meus pais que se revezavam entre mim e o cinema. No Porto lembro-me de ir a muitas antestreias infantis no Nun'Álvares - especialmente os "Duck Tales" - e de percorrer as passagens secretas do Carlos Alberto nas semanas de Fantasporto.
Lembro-me especialmente da sessão de "Who Framed Roger Rabbit?". Robert Zemeckis depressa se tornaria um dos meus realizadores de eleição, mas na altura ainda não o conhecia e, dos filmes dele, este era o apropriado para crianças. Fui mais uma vez com o meu pai. Quando o filme começa ele estava a sussurrar-me as falas traduzidas a que respondi "eu percebo o filme sozinho". Não sei se li as legendas, se percebi o inglês, se foi um misto de ambos, ou se quis ser apenas teimoso. Sei que vi o filme sem ajuda e estava orgulhoso pelo meu feito. E sei que ele ficou triste porque a partir daquele momento eu poderia ir ao cinema sem ele, como fui inúmeras vezes.
Acho estranho alguém dizer-se "filho do Fantas" quando nasceram antes do festival. Pessoalmente digo que nessa altura o Fantas era o meu irmão mais velho, apenas 2 anos e meio, mas mesmo assim mais velho e como tal tomou conta de mim muitos dias e noites. Acabando as aulas apanhava o autocarro para a Praça da República e corria até ao Carlos Alberto onde ficava até os meus pais quererem ir dormir. Vi os filmes que me deixaram exibindo o livre-trânsito, e os que não me deixavam entrando sorrateiramente. Eduquei gostos diferentes da maioria numa época em que apenas existia a competição de cinema fantástico. Não me recordo de alguma vez ter sofrido pesadelos por causa disso. Vinte anos depois percorro o mundo escolhendo filmes para o meu Fantas, na esperança que volte a causar em alguém o efeito que teve em mim.

Portanto, respondendo a qual foi o filme da minha vida, teria de dizer que foi todo o Fantasporto do Carlos Alberto, só que isso não é totalmente verdade. O primeiro filme foi mais do que os outros. Aquele que vi para nunca mais esquecer e me fez sonhar com aventuras que começavam montado numa bicicleta e terminavam numa caverna escondida, com moedas de ouro pirata a escorrerem-me das mãos. Poços sem fundo! Pianos mortíferos! Lutas de espadas! Voar agarrado às cordas! Derrotar os maus e encontrar o tesouro!
Era "The Goonies". Ainda embrenhado no mundo dos contos infantis e filmes Disney tinha aterrado num paraíso cheio de aventuras e ideias mirabolantes. Desde então quis sempre mais e exigia muito dos filmes que via. Por muito que a técnica e os efeitos digitais tenham progredido e os argumentistas tenham ultrapassado tudo aquilo que a mente humana achasse possível, ainda está por fazer um filme que me cause a mesma injecção de adrenalina. Foi o filme certo no momento certo (ou demasiado cedo) e o interruptor que causou tudo o que descrevi atrás. O meu número um na altura, hoje, sempre.


Olhando para ele nos dias de hoje (vi no dia em que escrevi este texto) já não causa surpresa. Sei as cenas e as falas praticamente de cor. No entanto quando dá na televisão não consigo mudar de canal e quando não dá nada de jeito é dele que me lembro. Já não me devia causar aquelas sensações, mas tenho-as por reflexo. O meu coração acelera nas corridas, assusto-me quando tocam a nota errada, vibro quando chegam ao barco, ralho quando tomam uma má decisão e já muitas vezes chorei quando terminou. Tenho-lhe um carinho incomparável. Aliás, posso dizer que, mais do que o meu primeiro filme, foi o meu primeiro amor.

4 comentários:

  1. Eh, eh, eh!!!
    Um belo filme, vi-o na TV e algumas vezes.
    Felicito-o pelo testemunho e pelo Fantasporto também!

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  2. Um estupendo filme que adorei ver no cinema na altura...

    Este filme e o The Willow são filmes magicos desse tempo e da nossa infançia :)

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  3. Grandes primeiros filmes senhor Nuno, sim senhor! :D

    tenho inveja dessa educação cinéfila à custa do Fantasporto desde míudo no Carlos Alberto ;)

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  4. É bom ver que gostaram do filme. Pelos comentários que fui tendo no Antestreia cheguei a pensar que conhecia todos os gooniedependentes.

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