sábado, 7 de janeiro de 2023

A luta contra a música gravada nos cinemas

Hoje em dia ninguém põe em causa que um filme no cinema tenha direito a uma banda sonora a acompanhar - potencialmente com som ATMOS - mas há quase um século atrás, havia quem fizesse campanha contra as bandas sonoras gravadas.

Em 1927 foi lançado o filme The Jazz Singer, com música gravada sincronizada com a imagem projectada, e entrou-se numa nova era. Uma era que não foi bem acolhida por todos. Os músicos que até então se encarregavam de tocar música ao vivo a acompanhar os filmes mudos, lançaram uma forte campanha nos jornais contra a música gravada nos filmes, onde equiparavam a nova tecnologia a "música enlatada", "sem alma", e/ou tocada por um "robot" maléfico que iria destruir por completo a experiência do "cinema".
Faz-nos recordar outras campanhas, como as que diziam que os discos de vinil iriam ser o fim dos músicos, já que seriam desnecessários para se poder ouvir música; e até de como a rádio iria ser o apocalipse para os grupos musicais, porque iria fazer com que as pessoas deixassem de comprar discos (que na altura já tinham passado de "vilões" a "filões").

É sempre interessante relembrar estas coisas porque, infelizmente, são coisas cíclicas que vão acontecendo sempre que surge qualquer nova tecnologia ou alteração aos sistemas existentes - e que quase sempre, depois de passado essa fase de histerismo, acaba por revelar um cenário bem mais promissor.

Só me interrogo quantos mais anos serão necessários para que se olhe para trás e também se considere igualmente ridículo aqueles tempos em que havia pessoas a defender que o cinema se mantivesse nos arcaicos 24 frames por segundo.

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