terça-feira, 15 de setembro de 2020

Pelican Blood e Mata vencem MotelX 2020


Já são conhecidos os vencedores das duas secções competitivas do MOTELX– Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. Em ano atípico e desafiante, e sob o espectro de medidas reforçadas de segurança, o público voltou a regressar em força ao Festival, numa edição que superou expectativas e que contou com mais de 20 sessões esgotadas.

“Mata”, de Fábio Rebelo, é a grande vencedora do Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa 2020 / Méliès d’argent. História de um casal perdido numa floresta cujo reencontro traz consequências aterradoras, “Mata” é, nas palavras do júri composto por Pandora da Cunha Telles, João Pedro Rodrigues e Margarida Vila-Nova, “um filme sólido que joga com o imaginário da literatura fantástica, mergulhando num espaço onde enfrentamos os nossos pequenos medos”, e que, “em escassos minutos e sem pretensões”, “revela a promessa de um jovem realizador”.

O júri decidiu ainda atribuir uma Menção Especial a “A Grande Paródia”, de André Carvalho, “filme visceral” sobre um realizador que adormece enquanto vê televisão e sonha vender a alma a troco de fama e glória. “Transgredindo a ironia”, a curta-metragem desarmou o júri “pela sua brutalidade” e “pela coragem tocante, no limite da castração e da auto-representação.”

Na competição internacional, “Pelican Blood”, de Katrin Gebbe, venceu o Prémio MOTELX – Melhor Longa de Terror Europeia 2020 / Méliès d’argent, numa edição que se destacou por um número recorde de filmes feitos por mulheres. O segundo filme da realizadora alemã (co-produção Alemanha/Bulgária) explora a agonia de uma mãe que adopta uma criança que vem a revelar comportamentos perturbadores. “Uma escolha unânime” para o júri composto por Pedro Mexia, Filipe Homem Fonseca e Carla Galvão, que aplaude “um filme que instala uma tensão permanente, um filme sobre o instinto maternal e a saúde mental, sobre a perda e o sacrifício, sobre o mal como protecção, um mal reeducável, que faz apelo à coragem e à perseverança, contra toda a lógica e toda a esperança.”

A competição de longas-metragens europeias foi inaugurada em 2016 e teve este ano sete filmes a concurso, cuja diversidade o júri destacou: “diversidade geográfica, diversidade de género (três filmes realizados por mulheres e várias histórias em que as mulheres não são apenas vítimas, mas protagonistas fortes, voluntaristas), diversidade de estilos e sub-géneros, e diversidade no diálogo com o cinema contemporâneo (com os labirintos de David Lynch, com o “Canino” de Yorgos Lanthimos, com os “Alien”)”. “Pelican Blood” sucede ao russo “Why Don’t You Just Die!” (Kirill Sokolov) e fica nomeado para o Prémio Méliès d’or, à semelhança da curta “Mata”.

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