Depois da tentativa falhada de impingir o 3D aos consumidores, e da chegada acelerada dos televisores 4K, eis que o passo que se segue é o HDR e, como seria de esperar, os fabricantes voltam a complicar-nos a vida com diversos standards.
Há muito que é dito que o HDR é uma tecnologia que resultará em melhorias bem mais notórias para os consumidores do que o salto dado do Full HD para o 4K. O grande problema é que isto é algo que não pode ser demonstrado com imagens, fotos ou vídeos: é algo que tem que ser visto presencialmente, ao vivo.
Muitas pessoas já estarão familiarizadas com um tipo de HDR: o das fotografias que captam com os seus smartphones, e que permite manter maior detalhe tanto nas zonas escuras (que habitualmente ficariam "a preto") como nas zonas claras (que habitualmente ficariam completamente "a branco"). Nos televisores o que se passa é algo um pouco diferente, embora o resultado final possa ser idêntico; num ecrã HDR poderemos ter diferentes níveis de luminosidade, o que nos permite ter - por exemplo - branco "pouco luminoso" ou branco "muito brilhante" (como a luz do sol) sem que isso tenha que ser simulado através de brancos que ficam "cinzentos".
O resultado prático são imagens bastante mais realistas, e que nalguns casos extremos até nos podem levar a cerrar um pouco os olhos, quase como se alguém nos estivesse a apontar uma lanterna para os olhos.
Por esta altura poderíamos imaginar que a indústria já teria aprendido que todos têm a ganhar com a criação de standards que facilitem a adopção de novas tecnologias; mas infelizmente, e mais uma vez, temos é a situação de várias empresas a criarem os seus próprios standards. Por isso, quem se aventurar no mundo do HDR nesta fase terá que lidar com coisas como o HDR10, o Dolby Vision, o HLG e o recém-anunciado HDR10+.
HDR10, HDR10+, Dolby Vision e HLG
O HDR10 foi um dos primeiros formatos HDR, e define uma gama de cores alargada (Rec.2020) e 10-bits de cor. É um formato aberto e que tem o suporte de empresas como a Samsung, LG, Dell, Sharp, Sony, MS, Sony, etc. O seu maior "problema" é que define uma gama de luminosidade estática para cada filme, que se mantém fixa ao longo de todas as cenas - independentemente de se ter uma cena passada à noite seguida de outra no meio de um deserto com sol abrasador.O Dolby Vision vem resolver esse problema, permitindo que um filme possa ter essa gama de luminosidades dinâmica cena a cena, para além de contar com 12-bits de cor e permitir uma luminosidade máxima de 10000 nit (que na prática são reduzidos a 4000 nit). O problema, neste caso, é que quem o quiser utilizar tem que pagar a licença à Dolby, coisa que marcas como a LG, TCL e Vizio fazem, mas que outras não querem fazer... o que levou à criação do...
O HDR10+, criado pela Samsung e em parceria com a Amazon Video, vem melhorar as prestações do HDR10 adicionando-lhe as capacidades dinâmicas que temos no Dolby Vision (embora mantendo os 10-bits de cor). A vantagem é que continua a ser um formato aberto e gratuito, pelo que facilmente poderá ser adoptado por todos os que já apoiam e utilizam o HDR10.
E como se estes não bastassem, temos ainda o HLG (que não tem nada a ver com a LG mas é simplesmente um acrónimo de Hybrid Log-Gamma). Este formato foi criado para difundir HDR nas transmissões de televisão, e tem a vantagem de poder ser aplicado a conteúdos de baixa definição e de ser compatível com televisores sem HDR - daí o seu interesse para as emissoras. E também temos o SL-HDR1, que também permite combinar um stream de vídeo normal que depois é melhorado com um stream HDR adicional, assim permitindo uma compatibilidade com ambos os tipos de ecrãs.
Isto coloca-nos numa situação em que, por agora, se fica num verdadeiro campo "minado" quanto a que televisores suportam cada um dos formatos (os da LG parecem ser os mais abrangentes) e também poderão fazer com que muitos consumidores optem por aguardar para ver no que tudo isto irá resultar...
Serviços como a Netflix e Amazon Video suportam HDR10 e Dolby Vision (com o Amazon Video a ser por agora um dos poucos fornecedores de conteúdos HDR10+), e nos Blu-ray 4K temos a maioria dos filmes também em HDR10 e um grupo mais reduzido a tirar partido do DolbyVision.
Eventualmente, lá chegaremos a um ponto em que todos os televisores e leitores suportarão os formatos HDR mais populares e o utilizador não terá que se chatear com isso, mas isto apenas se os fabricantes não se lembrarem de irem lançando versões melhoradas estilo HDR10++ e HDR10+++, ou Dolby Vision XPTO Turbo.
... Teria custado assim tanto ter previsto desde logo um formato base que contemplasse o que de melhor se poderia fazer e evitado toda esta multiplicação de standards? Se calhar até não teria sido assim tão complicado... mas poderão haver grupos que até têm interesse que as coisas sejam complicadas, para que os consumidores sejam forçados a comprar novos televisores regularmente, para poderem tirar partido das últimas novidades...
Sem comentários:
Enviar um comentário