Bem a tempo de satisfazer as necessidades cinematográficas para este Natal, chega ao nosso país o mais recente trabalho de Peter Jackson que nos faz regressar à Middle-earth de J.R.R. Tolkien. Nesta primeira parte de The Hobbit: The Unexpected Journey (a que se seguirão outros dois filmes The Hobbit: The Desolation of Smaug, e The Hobbit: There and Back Again) podemos encontrar bastantes paralelos com o primeiro filme do Lord of the Rings.
Aliás, a fórmula parece ser a mesma: um jovem hobbit que sai do conforto da sua terra (um pouco contrariado) para se meter em aventuras inesperadas e de escala bem superior à sua pequena estatura - e as semelhanças vão-se repetindo ao longo do filme, desde a passagem pela cidade dos elfos, os ataques dos inimigos, e até a um quase "final" ao estilo do primeiro filme. (Embora, aqui não sei até que ponto se possa atribuir a culpa a Peter Jackson, ou se será devido a Tolkien.)
Neste The Hobbit estamos perante uma história que se passa antes dos acontecimentos do Lord of the Rings - mas com certos aspectos "sobrepostos" e a servirem de prenúncio ao que estava para vir. Bilbo Baggins vai ser "arrastado" para uma aventura com um 13 anões que pretendem reclamar o seu reino que foi ocupado por um dragão - mas isso será algo que apenas veremos a sério nos próximos filmes.
No entanto, para além do filme épico que é... este filme estreia também algumas novidade tecnológicas que vão mudar o panorama do cinema digital (e ainda bem).
Os 48fps e o shutter a 270º
Felizmente cá em Portugal temos a possibilidade de ver o The Hobbit na sua versão 3D a 48fps, tal como Peter Jackson quis que fosse visto. Contrariamente aos filmes tradicionais - que têm estado presos nos 24fps por culpa da "tradição", que vem dos tempos em que se teve que arranjar um framerate que criasse a ilusão de uma imagem em movimento com o mínimo de qualidade visual... mas sem gastar demasiada da preciosa película cinematográfica - neste The Hobbit podemos ver um filme gravado ao dobro da frequência.
Quer isto dizer que temos o "dobro" da informação visual... duas imagens que proporcionam uma experiência visual de outro nível (embora, algumas pessoas digam que com isso também se perde o "look" do cinema).
No entanto, ainda fica por determinar até que ponto este look diferente - que em muitos casos se aproxima do aspecto "vídeo" - será devido ao framerate duplicado, ao à utilização de uma velocidade de shutter também diferente: a 270º em vez dos 180º.
Tecnologia à parte, o que posso dizer é que senti as diferenças logo a partir dos primeiros segundos. Poderei não ser o caso normal, já que tenho sido um forte crítico dos 24fps há bastante tempo, e sempre me senti particularmente irritado pelas imagens "saltitantes" do cinema tradicional (mas também sou das pessoas que se queixa do "rainbow effect" dos projectores DLP).
Portanto, entrei na sala já com a predisposição de que os 48fps eram algo de que iria gostar - e não, como outros poderão fazer, de irem ver o filme já predispostos a falar mal por "arruinar" o aspecto tradicional do filme em película.
As imagens são bastante mais fluidas (o dobro!), e nem que fosse só por isso - já me daria por contente. Não vou negar que há algumas cenas onde as coisas parecem um pouco estranhas, por terem "realismo a mais". Mas, sinceramente, penso que isso se deve apenas a uma questão de habituação - por estarmos habituados a ver os filmes sem tal definição ou realismo (à semelhança da habituação necessária na passagem do cinema mudo para o falado, e do preto e branco para as cores).
Senti também um efeito curioso de, se por um lado as imagens em 3D se tornam menos cansativas a 48fps, por outro lado houve alturas em que senti um "cansaço" estranho nos olhos, como se estivessemos a ver "definição a mais". É difícil explicar... e não foi algo que se possa dizer que é desconfortável, mas... é "estranho". Mas o que mais preocupava, era saber que depois do final do filme teria que voltar a ver outros filmes em 24fps! :)
Mas por outro lado, interrogo-me sobre o que acharão as pessoas que simplesmente vão ver o filme, sem "conhecimento" dos 24/48fps - e se repararão nas diferenças. Se forem com amigos que não liguem a este tipo de coisas, perguntem-lhes a opinião e se notaram diferenças (e deixem também as vossas opiniões nos comentários. :)
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
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Mas afinal, tecnologia à parte, o filme é bom? gostaste?
ResponderEliminarsim, mas fiquei com muita sensação de "déjà-vu" relativamente aos Lord of the Ring.
EliminarGostei... chegas ao fim a pedir por mais!...
ResponderEliminarQuanto a tecnologia, o que me pareceu é que tudo "parece" acontecer mais rápido. No entanto tens mais pormenor, por exemplo cenas de batalha notas bem pormenores que a 24Fps não notarias. Quanto à sensação do filme parecer estar em FastMotion, passa a partir dos primeiros 5 min, a partir daí começas a assimilar a Maravilha dos pormenores! ;)
Eu cá este vou deixar passar no cinema... "não sou grande fã dos LOTR"! Existem pessoas que não gostam ou passam bem sem ver este filmes ;)
ResponderEliminarMas quanto há tecnologia acho que vou ter que esperar mais uns anos por algo que saia do James Cameron... ehehe.
Eu não tendo conhecimentos técnicos que me permitam falar com à vontade sobre estes assuntos, posso testemunhar que não me senti cansado no final do filme e senti uma maior sensação de "imersão" na história do filme, tal o realismo das imagens. Sem dúvida que quero mais filmes assim!
ResponderEliminarEu vi a versão 2D. Digam-me uma coisa, nessa versão também insistiram em traduzir Erebor para Eriador?
ResponderEliminarYep. É por essas e por outras que já nem olho para as legendas, e concentro-me apenas no som original.
EliminarTecnologia à parte, achei que algumas cenas não eram reais... parecia que o movimento de algumas personagens acontecia em fast forward. Esta sensação durou ao longo de todo o filme, apesar de acontecer mais vezes nas cenas iniciais porque se passam num contexto mais "calmo".
ResponderEliminarFora isso, gostei do filme.