O mais recente filme de Xavier Gens (escritor e realizador de Frontier(s) em 2007) promete não deixar ninguém indiferente. Em The Divide vamos encontrar uma ambiente claustrofóbico onde um grupo de moradores de um prédio se refugia na cave para tentar sobreviver a um ataque nuclear.
Recheado de caras conhecidas das mais recentes gerações (Milo Ventimiglia, Lauren German, Ashton Holmes, Michael Eklund, etc) mas contando também com alguns veteranos como Michael Biehn e Rosanna Arquette, este é um filme que aos poucos vai mergulhando cada vez mais profundamente na fragmentação do comportamento "civilizado" e na degradação moral e social.
Spoilers ahead.
Inicialmente, o filme até poderia passar como uma ode aos "preppers" que se preocupam em construir bunkers para sobreviverem a cenários apocalípticos. Depois de passado o choque inicial, e descobrirem que têm mantimentos e energia para poderem sobreviver na cave por algum tempo, as coisas parecem ficar mais compostas, e a preocupação é tentar saber o que se passa lá fora, para além da porta trancada e selada para que não entre poeira radioactiva.
... Passado algum tempo, alguém chega ao lado de fora da porta e força a entrada... soldados em fatos especiais que sem qualquer palavra ou explicação raptam a criança que tinham com eles, e tentam matar os restantes sobreviventes. Mas o grupo consegue matar dois dos soldados, e usa um dos fatos para sair e tentar descobrir o que se está a passar lá fora. Aparentemente, estão a recolher crianças e a utilizá-las para qualquer tipo de experiência científica.
Mas rapidamente o agente infiltrado é desmascarado, e tem que novamente fugir para a "segurança" da cave. Sendo que logo de seguida a porta é soldada do lado fora, eliminando por completo qualquer nova tentativa de fuga... e é aí que verdadeiramente começa a decadência em que se centra o filme.
A luta pelo poder... o abuso dos dominantes sobre os submissos... e que vão atingindo níveis cada vez mais e mais degradantes e incómodos.
Nesse aspecto, o filme consegue criar plenamente o ambiente necessário para que se torne incómodo como seria pretendido. No entanto, nem tudo corre bem...
São muitas as alturas em que damos por nós a pensar no irrealismo do que vai sucedendo. A certa altura o ponto central do filme é que uma das personagens consiga apoderar-se de uma pistola escondida, para fazer frente aos abusadores... como se não houvesse 1001 outras formas de tal poder ser feito - e como é demonstrado logo de seguida, ao cortar o prescoço a um deles com uma tampa de uma lata de conservas!
Pior que tudo, a saída final, que poderia pretender ser algo "horrível" (fugindo pelos esgotos), acaba por ser algo que nem isso consegue transmitir, face a todo o "degredo" a que a já se assistira anteriormente. Ficando-se com aquela sensação: "afinal, era isto assim tão difícil?"
Por fim, apenas destaque especial para a coragem de ter terminado o filme sem um final "cor-de-rosa", e onde a situação de desespero que se vivia na cave apenas é transferida para o exterior.
Não é perfeito, mas definitivamente vale a pena ser visto... (excepto por aqueles que se impressionam facilmente com violência física e psicológica).
quarta-feira, 28 de março de 2012
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