quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Meu Primeiro Filme - António Reis

Inspirado pela nostalgia com que relembrei algumas das memórias mais marcantes que tenho das primeiras idas ao cinema (como contei aqui,) achei que seria interessante desafiar algumas pessoas a que fizessem o mesmo e recordassem o início da sua paixão pelo cinema nesta rubrica O Meu Primeiro Filme.


Pelo que... preparem-se para conhecer um pouco das origens das paixões cinematográficas de vários elementos que mantêm blogs sobre cinema ou que de qualquer outra forma nutrem um especial carinho por esta arte.

Hoje, é com uma enorme honra que vos dou a conhecer "O Meu Primeiro Filme" de António Reis, nome bem conhecido de todos os que frequentam o nosso querido Fantasporto, que colabora no blog Antestreia, e que hoje mesmo está a fazer o papel de júri no BragaCine.



Como canta Sérgio Godinho "foi num velho cinema de reprise..." que senti essa maravilhosa experiência de pela primeira vez ter visto um filme. Quando se tem seis anos nesse distante ano de 62, quando a televisão emitia ainda a preto e branco em horário muito intermitente e nem mesmo os mais engenhosos autores da ficção-científica sonhavam com cassetes ou DVD, ver um filme num grande ecrã era muito mais do que isso.

Era um momento mágico de um sonho maior que a vida.

Lembro-me de uma forma parcelar e já difusa, que a patine do tempo não perdoa, de entrar pela mão do meu pai numa cripta de igreja transformada em Cinema Paraíso. Lembro-me bem de um actor, de que não sabia o nome, em risco de se despenhar de uma montanha gelada e do meu medo de que a morte no cinema fosse tão real como na vida.

Cinquenta anos mais tarde, e por causa deste desafio do primeiro filme, vasculhei nos arquivos para descobrir maravilhado que o actor era Spencer Tracy, o realizador o grande Edward Dmytryk, e o filme, nascido no mesmo ano que eu, era "The Mountain".


Se em "Citizen Kane" a recordação de infância de rosebud marca todo o filme, a angústia que senti no sofrimento de Spencer Tracy, marcou-me de forma decisiva.

O senso comum diz que não há amor como o primeiro, mas a paixão pelo cinema é uma emoção tão intensa e duradoura, que se renova a cada novo filme como se fosse sempre a primeira vez.


O meu muito obrigado ao António Reis por ter acedido partilhar connosco esta "viagem ao passado" que recorda as suas primeiras memórias cinematográficas.

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